quarta-feira, 9 de abril de 2008

Mulheres de Atenas

No último 08 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. No mesmo mês e dia, em 1857, um grupo de cerca de 130 mulheres fora incendiado enquanto lutava por melhores condições de trabalho e um salário melhor. Não, a luta não acabou ali e até hoje milhares de mulheres lutam ainda pelos mesmos objetivos. É inegável que as mulheres há muito lutam numa batalha em que já começam perdendo em relação aos homens: o mercado de trabalho. Também considero “chover no molhado” falar que a mulher sofreu durante vários períodos da história da humanidade, seja opressão moral, subserviência ao homem (antes e depois do casamento) e exclusão da política. E todos os méritos devem ser concedidos a elas, que lutam a cada dia pela igualdade entre os sexos – e lutam muito bem, alcançando resultados notórios.

Já houve época onde as mulheres sequer podiam falar entre os homens. Já houve época em que não podiam escolher o esposo. E aquela em que não podiam votar; aquela onde não podiam trabalhar fora de casa, e tantas outras, em que diversas injustiças aconteceram. Atualmente, a Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, traz o clamor do povo pela igualdade entre os sexos, quando em seu artigo 5º, inciso I, declara que homens e mulheres são iguais perante a lei. E ainda no artigo 7º, inciso XX, onde prevê a proteção da mulher no mercado de trabalho. Ou ainda no artigo 40, inciso III, alíneas “a” e “b”; 7º, XXX; 226, parágrafo 5º, e alguns outros.

Mas, será mesmo que vocês, mulheres, querem igualdade? Ou será que algum ranço do machismo milenar lhes parece um tanto oportuno e conveniente? Como por exemplo, receber congratulações por um fato que sequer dependeu da sua vontade. Que tal sair por aí parabenizando os negros pelo simples fato de serem negros? Ou os gordinhos, por serem gordinhos? Ou ainda os anões? Sei lá. Não tenho nada contra, mas acho estranho parabenizar alguém por ter nascido com o tal “XX” dentro das células. De parabéns imotivado já basta o dos aniversariantes (que, pensando bem, não faz o mínimo sentido). Parabéns pelo que, afinal? Dou os parabéns a quem passou no vestibular, a quem está no primeiro emprego, a quem passou num concurso público, a quem cria bem os filhos num mundo pervertido como o nosso, enfim, a quem age para algo nobre ou para um benefício advindo do seu próprio esforço.

Mulheres, continuem sim lutando para estar em pé de igualdade com homens. Lutem para equiparar os salários, para ocupar da mesma maneira o mercado de trabalho, para participar mais das decisões políticas do país (candidatando-se mais aos cargos eletivos), e tantas outras lutas que vocês, mais que nós, sabem da importância. Mas lutem também para pagar parte da conta no restaurante. Lutem para ficar de pé no ônibus lotado. Lutem para abrir a própria porta do carro. Ora, lutem pela IGUALDADE. Se trabalham tanto quanto nós, homens, estão, ao fim do dia, tão cansadas quanto nós e podem, tanto quanto nós, ficar de pé no ônibus lotado. Se recebem tanto quanto nós, podem pagar o cinema ou o restaurante algumas vezes. Podem consertar o encanamento ou trocar a lâmpada.

Vocês poderiam lutar por tudo isso. Buscando eliminar todo e qualquer resquício do tão obsoleto machismo. Mas preferem esconder-se sob a égide do “cavalheirismo” (machismo e patriarcalismo, eufemicamente) para auferir vantagens diante dos homens, esfaqueando os próprios ideais revolucionários feministas (pelos quais aquelas 130 mulheres morreram carbonizadas numa fábrica textil em Nova Iorque). Lutem, porque, enquanto isso, nós homens continuaremos abrindo a porta do carro, pagando o cinema e abrindo a passagem nas portas para garantir alguns beijos ou amassos, ou um simples "ai que fofo!"; e todos (nós e vocês) viveremos eternamente submersos nessa hipocrisia da igualdade: fingindo – e acreditando - que existe em sua totalidade. Blah! Papo “pra inglês ver”. A igualdade só acontecerá quando existir também no campo dos deveres, e não somente no dos direitos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tô adorando isso aki... e como eu já disse ao nosso adorável Fê Nergan, amei esse texto... mas nao vou lutar por nadinha disso q ele ta querendo!! rsrsrs
Nós mulheres, tambem nao estamos querendo tamaaaaanha igualdade!!