segunda-feira, 28 de abril de 2008

E no banheiro...

Pra tudo nessa vida existe regras de comportamento. Pra ir a um restaurante chique ou a um boteco, a um casamento ou a uma festa de criança... Não ponha os cotovelos na mesa ou vão te achar sem modos. Fale “banheiro” ao invés de “toillet” ou vão te achar fresco. Fale “toillet” ao invés de “banheiro” ou vão te olhar torto. Enfim, é uma gama de regras que, sem perceber, a gente segue todos os dias.

Mas o mais engraçado é existir regras pra se ir a um banheiro público. Digo por nós, homens, porque não sei o que se passa no banheiro ao lado, mas a saga já começa na decodificação das placas dos banheiros: “Homens” e “Mulheres” cada vez mais perdem espaço para gravatas-borboletas, cachimbos, salto alto ou bolsas. E quando se tomas umas então... É... Melhor perguntar.

Mas voltando às regras de comportamento.

Regra número um: nada de papo. Banheiro masculino, em regra, é local onde deve prevalecer o silêncio. Mesmo os conhecidos preferem conversar do lado de fora. Nunca, mas nunca, pergunte as horas ou comente da comida com um desconhecido ali.

Regra número dois (“regra de ouro”): a escolha do mictório. Mantenha a distância de pelo menos um mictório do outro cara. Em hipótese alguma os mictórios A e B podem estar ocupados se o C, o D e o E estiverem vazios. Agora, se a regra de ouro não puder ser aplicada, não tem jeito, afinal, virar e sair pode ser demonstração de insegurança.

Regra número três: a mijada. Durante a mijada, movimentos rotatórios laterais do pescoço estão ter-mi-nan-te-men-te proibidos. Há três opções: ler o anúncio em frente, olhar o teto ou o próprio bilau tentando acertar com urina a aspirina, o buraco do ralo ou algum pentelho alheio que por lá tenha caído.

Agora, se ao entrar no banheiro todos os mictórios e cabines estiverem ocupados, siga a Regra 4: escolha uma das filas e mantenha distância de uns 3 passos. A parada do silêncio e dos movimentos cervicais ainda ta valendo.

O problema maior é se a vontade não for de fazer o número 1. Aí complica. A principal regra mesmo é se segurar e agüentar chegar em casa. Mas, se essa opção é impossível, vença o medo. Fique o tempo que agüentar perto do banheiro esperando um momento em que ele esvazie. “Bingo, o último cara saiu.”. Corra e se tranque na primeira cabine que encontrar. Agora é evitar cse tranque na primeira cabine que encontrar.eiro prrumar o cabelo em frente ao espelho. por la comida com um desconhecontato com toda e qualquer superfície, fazer força pra acelerar o processo e rezar pra não entrar ninguém. Se algum intruso resolver entrar você está preso na cabine até que ele saia.

Ao terminar, lavar as mãos e nem pensar em espremer uma espinha, tirar um cravo ou arrumar o cabelo em frente ao espelho. Sem essa. Lave a mão e saia enxugando na calça. O tempo dentro de um banheiro público deve ser o menor possível!

Viu?! Ir ao banheiro nem sempre é uma tarefa fácil. Por mais bobas e exageradas que possam ser as regras, segui-las é fundamental para manter a ordem, o respeito e a masculinidade.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Prazer, Rodrigo.

Engraçado como a visão que as outras pessoas têm de você definitivamente não é a mesma que você tem de você. Realmente nunca fui INIMIGO do “estudar”. Costumo dizer que é um mal necessário, e como tal, deve ser enfrentado. Sei lá, pra mim sempre foi algo comum... Uma obrigação, uma regra a ser cumprida. Ainda pequeno eu pensava “Tá. Minha mãe e meu pai têm que trabalhar. Eu e o meu irmão temos que estudar.”. E ponto.

Mas algumas pessoas insistem em me ver como um “nerd” que estuda compulsivamente e com um sorriso estampado no rosto. O rótulo de “aquele que passou no vestibular com 15 anos” vai me acompanhar até quando, afinal? Me imagino com 43 anos, num supermercado, de bermuda jeans, regata e pochete (ou pochetes, se contabilizarmos os choppes que tomarei até lá) um piá de 15 empurrando o carrinho e um de 7 insistindo em embarcar no mesmo... Ao entrar no corredor dos enlatados me surpreendo com um “Toooody...” “Melinha (ilustrativo)” “Nossa, quanto tempo!” “Pois é, esses aqui são meus filhos, Pedro e Bino (ilustrativos)” “ah, esse é meu esposo. Carlos, esse é o menino que passou no vestibular com 15 anos de quem te falei.”.

Não me envergonho do “título” (muito pelo contrário) e muito menos de estudar. Mas talvez um “Esse é o Rodrigo, um cara super legal!” me agradasse mais.

Mas o pior de tudo é que eu não estudo 1/5 do que deveria. Enquanto todos acham que eu sou o rei dos livros não consigo desgrudar meus olhos da TV, do PC ou do TS (travesseiro). “Caralho, preciso estudar!” é o que se passa na minha cabeça várias vezes ao dia. Mesmo assim, seja em uma cidade logo ali, no vizinho ou em outro estado os comentários são os mesmos: “Esse é o cara que só sabe estudar.”, “mas tão novinho e já se formou?!”. Parece que não saio, não tenho amigos, não sei dançar (realmente não sei, mas não precisa achar isso sem me conhecer, oras!), não assisto TV e não sei debater sobre temas como BBB ou jogos de computador. Sim, galera, eu sou normal. Sei escutar Chico mas adoro Catra. Assisto a clássicos e reparo no texto dos filmes e atuação dos atores, mas também adoro BBB e a novela das 8. Leio livros, mas gibis me divertem mais. Gosto de ficar em casa com a minha família, mas sair com os amigos pra dançar, beber e rir (não necessariamente nesta ordem) é uma das coisas de que mais gosto. Escrevo bem, mas não sei a diferença de “sessão” “seção” e “secção”. NOR-MAL.

Talvez eles estejam certos e eu deva me debruçar sobre a minha preguiça e descansar tudo que já estudei (que pra mim é pouco e pra todos é muito). Talvez eu tenha que mudar de comportamento a fim de corresponder às expectativas de todos e realmente meter a minha fuça num livro de “Direito Administrativo” ou de “Epidemiologia” e vestir essa roupa de intelectual que eu julgo não caber em mim. Ou talvez deva cagar-e-andar pra tudo que pensam de mim e levar a vida do jeito que eu quero. Não sei, definitivamente não sei...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Mulheres de Atenas

No último 08 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. No mesmo mês e dia, em 1857, um grupo de cerca de 130 mulheres fora incendiado enquanto lutava por melhores condições de trabalho e um salário melhor. Não, a luta não acabou ali e até hoje milhares de mulheres lutam ainda pelos mesmos objetivos. É inegável que as mulheres há muito lutam numa batalha em que já começam perdendo em relação aos homens: o mercado de trabalho. Também considero “chover no molhado” falar que a mulher sofreu durante vários períodos da história da humanidade, seja opressão moral, subserviência ao homem (antes e depois do casamento) e exclusão da política. E todos os méritos devem ser concedidos a elas, que lutam a cada dia pela igualdade entre os sexos – e lutam muito bem, alcançando resultados notórios.

Já houve época onde as mulheres sequer podiam falar entre os homens. Já houve época em que não podiam escolher o esposo. E aquela em que não podiam votar; aquela onde não podiam trabalhar fora de casa, e tantas outras, em que diversas injustiças aconteceram. Atualmente, a Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, traz o clamor do povo pela igualdade entre os sexos, quando em seu artigo 5º, inciso I, declara que homens e mulheres são iguais perante a lei. E ainda no artigo 7º, inciso XX, onde prevê a proteção da mulher no mercado de trabalho. Ou ainda no artigo 40, inciso III, alíneas “a” e “b”; 7º, XXX; 226, parágrafo 5º, e alguns outros.

Mas, será mesmo que vocês, mulheres, querem igualdade? Ou será que algum ranço do machismo milenar lhes parece um tanto oportuno e conveniente? Como por exemplo, receber congratulações por um fato que sequer dependeu da sua vontade. Que tal sair por aí parabenizando os negros pelo simples fato de serem negros? Ou os gordinhos, por serem gordinhos? Ou ainda os anões? Sei lá. Não tenho nada contra, mas acho estranho parabenizar alguém por ter nascido com o tal “XX” dentro das células. De parabéns imotivado já basta o dos aniversariantes (que, pensando bem, não faz o mínimo sentido). Parabéns pelo que, afinal? Dou os parabéns a quem passou no vestibular, a quem está no primeiro emprego, a quem passou num concurso público, a quem cria bem os filhos num mundo pervertido como o nosso, enfim, a quem age para algo nobre ou para um benefício advindo do seu próprio esforço.

Mulheres, continuem sim lutando para estar em pé de igualdade com homens. Lutem para equiparar os salários, para ocupar da mesma maneira o mercado de trabalho, para participar mais das decisões políticas do país (candidatando-se mais aos cargos eletivos), e tantas outras lutas que vocês, mais que nós, sabem da importância. Mas lutem também para pagar parte da conta no restaurante. Lutem para ficar de pé no ônibus lotado. Lutem para abrir a própria porta do carro. Ora, lutem pela IGUALDADE. Se trabalham tanto quanto nós, homens, estão, ao fim do dia, tão cansadas quanto nós e podem, tanto quanto nós, ficar de pé no ônibus lotado. Se recebem tanto quanto nós, podem pagar o cinema ou o restaurante algumas vezes. Podem consertar o encanamento ou trocar a lâmpada.

Vocês poderiam lutar por tudo isso. Buscando eliminar todo e qualquer resquício do tão obsoleto machismo. Mas preferem esconder-se sob a égide do “cavalheirismo” (machismo e patriarcalismo, eufemicamente) para auferir vantagens diante dos homens, esfaqueando os próprios ideais revolucionários feministas (pelos quais aquelas 130 mulheres morreram carbonizadas numa fábrica textil em Nova Iorque). Lutem, porque, enquanto isso, nós homens continuaremos abrindo a porta do carro, pagando o cinema e abrindo a passagem nas portas para garantir alguns beijos ou amassos, ou um simples "ai que fofo!"; e todos (nós e vocês) viveremos eternamente submersos nessa hipocrisia da igualdade: fingindo – e acreditando - que existe em sua totalidade. Blah! Papo “pra inglês ver”. A igualdade só acontecerá quando existir também no campo dos deveres, e não somente no dos direitos.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Depressive Game II

Para quem não vem por aqui há algum tempo (se é que já veio um dia), antes de ler este post, leia o de segunda-feira (24/03/2008). Lá comento sobre um jogo que chamou a minha atenção há alguns dias. Mas é AL-TA-MEN-TE recomendado que jogue o jogo antes de ler isto. Sem trapaça, malandro. Vai lá, eu espero.

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“Duplo-cliquei” sobre o ícone do jogo (se é que pode receber essa denominação). Um gráfico muito ruim, com uma musiquinha melancólica e de baixa qualidade. A tela, apenas uma faixinha em uma tela predominante preta. Logo de cara encontrei uma companheirinha pro meu “eu-virtual”. EBA! Mal começou o jogo e já me dei bem! Então comecei a explorar o cenário. Logo vi uma espécie de “baú”. Parecia algo bom, colorido e meio escondido nos blocos que compunham aquele mundo. Me empolguei ,mas logo me entristeci vendo que, na compania da minha mais nova esposa, não poderia alcançar o prêmio. Damn! Mal casei e ela já começa a me podar. Mas, bola pra frente. Logo achei outros que pude alcançar. E percebi que aumentaram 100 pontos no meu escore. Íu! Fui andando... eu e minha companheirinha. Estava ávido em conhecer todos os cenários que até então estavam “esmagados” no canto direito da tela. Mas eu procurava também um sentido pro jogo. Uma porta, um monstro ou um chefão para eu pular na cabeça até matar. Mas, nada... MEU DEUS! Os personagens estão ficando velhos. Oh Shit! Como que por reflexo, corri de volta pra esquerda. Não, não adiantou. Então, num ato de desespero, passei a buscar mais e mais os tais “baús”. Nada adiantava. O processo era implacável. Mais alguns passos e via meu cônjuge virar uma lápide. Poha, casei e fiquei viúvo em menos de 5 minutos. O boneco, que já não andava como na juventude, agora andava ainda mais capenga. Até, irremediavelmente, se igualar à companheira. Não me contive. Joguei denovo em busca de “fazer melhor”. Casei e apenas segurei o botão para a direita. Conheci vários cenários, mas não aproveitei nenhum deles. E o fim? IDÊNTICO!

Passage é impressionante. Traduz a vida em poucos pixels. É um tapa de luvas. Por mais que casar traga alguns incômodos, ninguém se abstém de unir-se e caminhar acompanhado. Se sozinho você tem mais liberdade, acompanhado se faz o dobro de pontos na caminhada. O jogador tem duas escolhas: ou correr desesperadamente a fim de conhecer o máximo de cenários, ou aproveita um a um buscando o máximo de pontos possível. Qualquer que seja a escolha o fim é o mesmo. Não há escapatória. E o sentimento de perder a companheira, mesmo que te atrapalhe, algumas vezes?! Horrível. No início do jogo você vê o lado direito da tela (o futuro) embaçado, no fim, vê a esquerda (passado). Em algumas vezes a esquerda fica toda colorida, em outras, fica com duas ou três cores, a depender das escolhas que faz.

A escolha é sua. Casar-se ou permanecer solitário. Correr atrás de viver o máximo de experiências ou aproveitar cada uma como se fosse a ultima. Manter-se em linha reta, ou embrenhar-se por todos os lugares. Procurar pontuar mais ou apenas caminhar mais. O importante é fazê-lo de maneira que não se arrependa, pois no jogo há quantas chances queira para tentar fazer diferente, enquanto na vida real não há “continue”, “password”, “retry” ou “reset”.